7 de julho de 2011

CACS ACOMPANHA A FLIP

Estaremos acompanhando e postando todas as informações sobre o maior evento literário do Rio de Janeiro a FLIP.
Nosso objetivo além de compartilhar essa importante festa é também incentivar os nossos artistas na elaboração e organização em andamento da nossa I  Festa Literária de Saquarema a FLIS 2012.
Que estará compondo  o calendário de eventos da Secretaria de Turismo de Saquarema.
E a nossa Entidade será responsável  pela organização e administração do evento.
Boa Sorte CACS!!



CACS  ACOMPANHANDO TODOS OS PASSOS DA FLIP PARATY, RIO DE JANEIRO - BRASIL


Um momento mágico




Poucos momentos em toda a história da Flip se comparam ao que aconteceu nesta noite de quarta-feira, 6 de julho de 2011. O crítico Antonio Candido, com quase 93 anos idade, contou casos sobre a amizade com Oswald de Andrade que somente ele poderia confidenciar. Foram 90 minutos de uma volta no tempo. Primeiro com Candido narrando um Oswald de Andrade nos anos 30 e 40 e depois José Miguel Wisnik revelando a influência do homenageado na sua própria formação nos anos 60 e 70.


Logo ao entrar no palco, cortando o protocolo e a fala do curador Manuel da Costa Pinto, Candido foi ovacionado pelo público presente. Esta reação somada às manifestações que chegavam via twitter, já demonstravam a emoção que estava por vir. Um momento intimista, uma fala que tornou o ambiente extremamente aconchegante e caseiro. O sentimento que ficou foi do público viajar junto com dois grandes mestres ao mundo de Oswald de Andrade que “usava o riso como arma” como comentou Candido, apesar da fama de bicho do mal.



Wisnik terminou e complementou a Conferência de Abertura da Flip 2011 com frases de entrevistas de Oswald de Andrade, que o marcaram:


“Quem se assombra com o avião sem piloto não entende que a ele e ao progresso técnico que representa corresponde a erótica moderna, trazida pelo nu e pelo esporte, a rapina e o pronunciamento político, o celibato e a Glória de Tarzã”


“O homem é um anel na eterna cadeia da devoração”

“Sou um homem encalhado no tempo”




Uma das falas mais esperadas desta Flip é a do crítico Antonio Candido, que fará a conferência de abertura às 19h desta quarta-feira: Oswald de Andrade: devoração e mobilidade junto com seu “filho intelectual” José Miguel Wisnik. Embora não aparente, Candido está prestes a completar 93 anos. Apesar de sua disposição, o curador da Flip, Manuel da Costa Pinto, tinha receio de que ele cancelasse de última hora – o medo não se concretizou, e nesta terça-feira, 5 de julho, às 14h, Candido saiu de São Paulo rumo a Paraty.


A princípio, o Professor não falaria com a imprensa e todo cuidado quando se referia a ele era pouco. Mas na manhã de hoje, dia de abertura da 9a. Flip, um dos maiores críticos literários em atividade no país decidiu falar com a imprensa. “Ora, pensei melhor, olhei todos os jornalistas que gostariam de falar comigo e resolvi atender… Vocês estão aqui a trabalho, então por que não falar?” afirmou o crítico, apesar de toda sua ressalva com estes encontros. “Prefiro dar entrevistas por escrito. A chance de saírem coisas distorcidas é menor. Mas o que eu falei e o que vocês vão publicar já foge do meu controle”.


O cuidado do curador foi confirmado pelo professor na coletiva. “Eu disse para o Manuel e para Marília, filha de Oswald de Andrade, que se eu tivesse qualquer problema de saúde eu não poderia vir. Mas aprendi meu limite depois de ontem. Não posso mais viajar de carro”.


O senhor Antonio Candido é um homem de seu tempo. Sentado em uma cadeira de madeira, ele atendeu com muita simpatia e uma educação rara nos dias de hoje os 35 jornalistas que tiveram a sorte de ouví-lo discorrer sobre crítica literária e um pouco do que falará sobre a sua amizade com Oswald de Andrade. “Eu tive muita sorte. Comecei como crítico aos 24 anos de idade em um grande jornal de São Paulo e tive que analisar livros de pessoas até então desconhecidas como Clarice Lispector.” Quando indagado sobre política, foi categórico: “Vim aqui falar de literatura. Sou Cândido mas não cedo a provocações,” gerando risos dos presentes. Mostrou ainda um bom senso de humor: “Não contem para ninguém, mas uso máquina de escrever. Às vezes me pedem meu email, fax… eu não sei o que é isso! Sou um homem encalhado no tempo. Uso bigode enquanto os homens de hoje usam barba”. 



Sobre a fala na programação oficial, apenas contou uma das histórias que prometem fascinar o público presente esta noite. Disse que sentia que era muito gostado por Oswald de Andrade e que o sentimento era confortante. “Oswald era um adversário terrível mas tinha uma qualidade rara: não guardava rancor. Em uma semana ele dizia para certa pessoa – você tem barba amarela, cara de bobo, etc e tal… Mas logo na semana seguinte já estava chamando o companheiro para um chopp. Ele explodia na hora, mas depois passava. Eu não tinha medo, por isso fiz algumas críticas. Considero Marco Zero um trabalho ruim. Existem outros muito melhores”, encerrou o grande crítico que ainda atendeu a pedido de fotografias. Na conferência de abertura, Candido falará sobre a visão do seu tempo sobre Oswald de Andrade e José Miguel Wisnik sobre a visão dos tempos modernos sobre o homenageado.

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