Olhando  para trás, trinta anos depois do meu primeiro contato com o autismo,  quanta coisa mudou, quantos sentimentos foram transformados em  experiência e quanto ainda me sinto jovem. Jovem sim, que ainda busca  caminhos com entusiasmo e empolgação por aprender  e descobrir trilhas  com o amadurecimento da idade.
 Escolhi  o autismo antes mesmo de escolher ser terapeuta ocupacional. Fui  trabalhar numa escola de ensino especializado,l fui coordenadora por 20  anos. Lá além de crianças e jovens com autismo também convivi com a  deficiência intelectual e outras síndromes. Paralelamente atendia  crianças com paralisia cerebral numa clínica em terapias individuais de  40 minutos.    
Por  característica pessoal e por ter tido o privilégio de estar ao lado da  profa. Nylse Cunha que trouxe a Brinquedoteca ao Brasil e defende o  Brincar como o principal recurso para a aprendizagem, eu me tornei uma  profissional extremamente lúdica e uma terapeuta ocupacional apaixonada  pelo brincar e fazer rir.
É  importante enfatizar que a abordagem centrada no cliente, seguindo o  quadro de referência humanista da TO, é a que escolhi como alicerce de  minha atuação profissional.
Esse  texto é a expressão de uma prática amorosa profunda que agora se  encontra em um momento reflexivo.  A emoção fica oculta por restrição da  palavra escrita.
Em  2006, resolvi mergulhar e dedicar todo o meu tempo ao Autismo, ou  melhor, à criança que está autista e sua família que tem garra e  esperança, pois o autismo é tratável.  AH! Como tudo mudou e isso é  maravilhoso.
Nas  sessões a mudança começa pelo tempo de terapia, não há condições de  construir uma interação com a criança em apenas 40 minutos e nem uma  atmosfera lúdica e divertida. Se respeitarmos o ritmo da criança e o seu  tempo para se preparar para interagir, podemos perceber que muitas  vezes, quando estamos sentindo que o ambiente está ficando favorável e  surge um contato de olho, um sorriso ou um toque.....a terapia acaba! E  outra criança está a sua espera.  A troca da quantidade de pacientes  pela qualidade da terapia foi fundamental para os resultados positivos.
O  terapeuta atua como um facilitador, oferecendo oportunidades,  capacitando a criança a explorar pensamentos e sentimentos em um  ambiente seguro e provendo recursos que a criança identifique como  necessários. São importantes o desenvolvimento da auto valorização e a  sensação de controle da situação.
A  criança é encorajada a dirigir sua própria terapia, as brincadeiras e  atividades são escolhidas por ela e devem ter significado para ela.
Nessa  abordagem é fundamental que o terapeuta não exerça poder sobre a  criança, e é preciso assegurar que o controle será dado á ela, mesmo ás  custas de uma lenta tomada de decisão. Novamente como facilitador, o  terapeuta promove oportunidades e informações para ajudar a criança  decidir aquilo que deseja e então organizar os recursos ou intervenção  para que isso seja alcançado.
Outra  e muito importante mudança que percebo nos dias de hoje é a  participação dos pais nesse processo de tratamento de seus filhos.
Não  são mais os profissionais que estão com o saber, o saber está cada vez  mais com as famílias que nos oferecem o genuíno dossiê de como seu filho  aprende, como seu filho sente, como seu filho reage, como seu filho se  diverte.
E  cabe a nós profissionais adiar o julgamento e pensar junto, interpretar  esses dados, associar  com o nosso conhecimento e experiência e  desenvolver um programa de tratamento criativo, dinâmico,  divertido e  viável para cada família e  não impor planejamentos engessados.
Na TO, temos tanto a ensinar mas se a criança não estiver interessada, nada teremos...
Estabelecer  os desafios, os objetivos e as ações e embarcar nessa viajem de amar  incondicionalmente, amar é uma viajem a ser feita com alguém na qual, ao  mesmo tempo em que curtimos essa entrega, desvendamos os mistérios que  ela nos apresenta a cada momento.
 Sonia Aparecida Falcão  é terapeuta ocupacional (TO), especialista em Saúde Mental da Criança e  do Adolescente, atua numa abordagem relacional humanista, fundou o  Programa Realizza com “Férias mais Divertidas” e “Autismo Encanta". Coordena MBA em Gestão de Pessoas, telepresencial da rede LFG/Anhanguera. E-mail:   autismoencanta@gmail.com
Sonia Aparecida Falcão  é terapeuta ocupacional (TO), especialista em Saúde Mental da Criança e  do Adolescente, atua numa abordagem relacional humanista, fundou o  Programa Realizza com “Férias mais Divertidas” e “Autismo Encanta". Coordena MBA em Gestão de Pessoas, telepresencial da rede LFG/Anhanguera. E-mail:   autismoencanta@gmail.com 
 
 
2 comentários:
Por gentileza,passe lá no meu blog.
Se gostar, me persiga. Felicidades!
Abraços,
João.
www.ludugero.blogspot.com
Tenho uma amiga que descobriu que a filha é autista.
Seguindo também!
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