13 de março de 2013

Semana da Poesia

Circulando homenagens  na semana da poesia de 14 de março dia Nacional da Poesia e dia  21 de março dia Internacional da poesia. Parabéns !


                              Latuf Isaías Mucci
Nosso Mestre !


 
     Nosso Patrono




                                              Parabéns a todos os poetas do Brasil !



Momento Homenagens aos poetas e poetisas de Saquarema

 Latuf ancora seus poemas como barcos feitos de luz, no mar de Saquarema. Mar imenso e selvagem. Os ventos do cotidiano, som suas estrelas e sonhos e flores atravessam sua poesia: os poemas oscilam, belos e oblíquos e nunca se desnudam por inteiro. Há sempre algo que escapa a um primeiro olhar, como o mar que esconde suas cidades submersas e sereias.
Roseana Murray


VENDO O VENTO

As flores fazem
vênias ao Vento
Senhor dos ares.

As árvores acenam
braços ao vento:
Senhor das marés.

Os olhos cismam
reflexões ao vento:
Senhor dos sonhos.


Latuf Isaías Mucci



                                        Escritora e Poetisa Roseana Murray

Nossa Patronesse  


    


TERRACOTA


Da terra retiro
sua gama de cores:
ocre, vermelho, ferrugem,
terracota, outono,
o sol.
E pinto a alma em pinceladas
grossas, camada sobre camada,
para aguentar o peso do céu.

In Roseana Murray – Poemas para ler na escola,
Ed. Objetiva, 2011



                                                               Walmir Ayala




 
ARTE POÉTICA
 
Na adolescência eu queria escrever poemas eternos.
Poemas que não envelhecessem.
Aspirava os pensamentos abstratos, as idéias transcendentes,
jogava palavras como anzóis atrás de uma baleia azul.
Eu queria a estação permanente dos fatos,
aquela zona de mistério que transforma os acontecimentos
em reflexos cíclicos
de uma realidade essência.
Eu desprezava a transitoriedade, dava-me engulhos o trivial,
pousava meu dente na polpa indizível da transcendência.
 
Hoje eu pouso o coração da poesia na bandeja das coisas que passam,
eu sei que, como todas as civilizações,
a nossa tem um fim,
e já durou demais.
Eu sinto o cheiro de seu sangue congelado,
adivinho o pus acumulado sob sua pele túrgida.
Sei que seremos de repente uma sobrevivência arqueológica.
Porisso não ambiciono mais, para o meu poema, esta imaginária
duração,
esta idade virtual com pés de efêmero tato.
Não desejo para o gênero humano poemas capazes de sobreviver
à sua legítima história,
mergulho no cotidiano com um alívio e uma surpresa que me renovam
a vida.
 
Não quero mais fazer poemas que não sejam tributo do instante,
quero tocar o perecível e segurar entre os dedos sua respiração
oscilante. Faço poemas transitórios e fugazes.
 
Os poemas eternos eu deixo para a vida eterna. 

Walmir Ayala 
  
 
POSTAL

O mar, postal, é verde, ou não, cerúleo —
o mar é mar de crinas, potro e lastro
onde têxteis côres dão a aguda
forma de suas barracas: árvore e astro.

Arvore pela sombra, astro no muito
de universo que lado a lado formam...
O mar, postal, não vê que cada mastro
ao longe é êle que cumpre seu circuito.

Mas tanto muda que se desampara
e crava, e da janela vou tangendo
nêle meu coração de asas e espuma.

O mar, postal, é orgia que carrego
por outros mares de aço, de concreto
e de tôrres, sem lágrima nenhuma,

 
Extraídos do livro Estado de Choque; a poesia de Walmir Ayala. São Paulo: Galeria Parnaso; Massao Ohno Editores, 1980.  s.p.;







                                                  Poeta José Bandeira 
                                Autor do Hino de Saquarema




     Hino de Saquarema

Hino do Município de Saquarema

Oito de maio
Conclamamos com grande alegria
Oito de maio
Mês Sagrado da Virgem Maria

Em oito de maio
Saquarema ergueu seu pendão
Porque nesta data
Recebeu sua emancipação

Que o bom Deus abençoe o seu futuro
Que seus filhos sempre honrem seu passado
E alegre zelamos seu presente
Saquarema o rincão abençoado

Em mil oitocentos e quarenta e um
Com honra, com glória, com paz e valor
Recebeu Saquarema sua categoria
Com grande alegria, com afeto e amor


José Bandeira 






 Antônio Mariano Alberto de Oliveira 




 Antônio Mariano Alberto de Oliveira foi um dos Fundadores da  tradicional ABL. (Academia Brasileira  de  Letras), na qual ocupou a  cadeira 8, que tinha   como    patrono Cláudio Manoel  da  Costa.  
          Nascido  em   Palmital  de  Saquarema - RJ,   em  28  de   abril  de  1857, faleceu  em Niterói-RJ, em 19 de  janeiro de 1937.

 
DENTRO DO SONHO


Tanto de sonho lhe hão chamado a vida
Que por sonho eu a tenho e me convenço
Que tudo nela é sonho, breve ou extenso,
Pouco importa, querida.
Foi sonho aquela vez primeira que nos vimos.
A última sonho foi; o primeiro abraço
Em que os dois nos unimos;
Sonho o dia em que tu entraste por meu braço
Num templo, e logo após na casa que foi nossa;
Sonho o ver-me então moço e o ver-te
também moça...
Vinte anos todos de felicidade!
E de improviso tudo acaba, tudo...
Mas esta dor sem fim, esta saudade,
Aquele golpe rudo,
Tredo e medonho,
-Devo-me conformar - não passou tudo
De um sonho que sonhei dentro do grande
Sonho. 


Alberto de Oliveira  


TERCEIRO CANTO


Cajás! Não é que lembra à Laura um dia
(Que dia claro! esplende o mato e cheira!)
Chamar-me para em sua companhia
Saboreá-los sob a cajazeira!

- Vamos sós? perguntei-lhe. E a feiticeira:
- Então! tens medo de ir comigo? - E ria.
Compõe as tranças, salta-me ligeira
Ao braço, o braço no meu braço enfia.

- Uma carreira! - Uma carreira! - Aposto!
A um sinal breve dado de partida,
Corremos. Zune o vento em nosso rosto.

Mas eu me deixo atrás ficar, correndo,
Pois mais vale que a aposta da corrida
Ver-lhe as saias a voar, como vou vendo.


Alberto de Oliveira  


Momentos poetas  em Saquarema 
 

               Antônio Francisco Alves Neto





                                                   Victorino Aguiar

 


 

 Se Eu Fosse Deus...


Ah, se um dia eu fosse Deus...
por um mês, um ano, um dia,
por um segundo que fosse.
Num só segundo faria
surgir do nada o reinado
do amor e da alegria.

Pra libertar nossos anjos
da morte e da escravidão,
da maldade dos marmanjos,
do horror da pedofilia,
dos homens sem coração,
cortava o pau do tarado,
mais a língua, o olho e a mão.

Libertava as nossas putas
das garras do cafetão;
casava a Lei com a Justiça,
não mandava pra prisão
quem entrasse para o crime
só por falta de opção,
quem só roubasse comida,
roupa, água, vinho e pão.

Fazia que os falsos templos
despencassem sobre o chão;
transformava a castidade
no pior dos meus pecados,
rasgava os livros sagrados,
Bíblia, Torá, Corão.

Destes três e dos demais
fazia uma só versão
e insculpia a ferro e fogo
per omnia saecula saeculorum
na alma de cada irmão.

Condenava os sacerdotes
ao duro embate da vida,
a enfrentar todo dia
horário, chefe, patrão;
a suportar como a gente
toda sorte de parente,
amante, mulher e filho,
cunhado, sogra e irmão.

Fazia em pó o senado,
templo da corrupção;
libertava o nosso povo
do medo dos magistrados,
dos grilhões dos deputados,
do sabor da servidão.

Empobrecia corruptos,
parasitas da Saúde,
carrascos da Educação,
transformava a vida deles
num eterno deus-nos-acuda:
inventava o cidadão.

Sabendo que muita gente
no meu nome tentaria
sufocar a Liberdade,
crucificar a Verdade,
dominar o mundo inteiro,
garantiria que o Bem
não perdesse pra maldade
nem pro poder do dinheiro:
criava um céu de verdade
e um inferno verdadeiro.

Era isto que eu faria,
se um dia eu fosse Deus
por um mês, um ano, um dia,
por um segundo que fosse.

Juro por Deus que faria.

(Victorino Aguiar)


PERCEPÇÃO

Percebo em nossos olhos,
percebo em nossas almas.
percebo em nossos corpos,
silentes zunzunzuns.

São sons intraduzíveis,
eternos, inaudíveis,
palavras incomuns,

que cansam nossos corpos,
torturam nossas almas,
marejam nossos olhos,
sem benefício algum.

Seria impertinência,
em meio a tanto ardor
desfeito em cortesia,
perder a paciência,
propor a alegria
em vez da continência,
e oferecer a nós
um pouco de amor?

Dividamos nossos olhos.
Dividamos nossos corpos.
Dividamos nossas almas.

Quem sabe o amor acalma
e extingue este furor?

(Victorino Aguiar)




Constante é a inconstância que persegue

os passos de quem sempre está parado,

e num clamor que assusta e que padece,

faz já ferver o ardor que era gelado.

O medo de repente é já coragem.

A fome de beber se pronuncia.

Razão e sensação se interagem

e a noite dá lugar a um novo dia.


(Victorino Aguiar)




                                                                 Camilo Mota 


 

 

ORAÇÃO 

 

Deus é óbvio,

mas só enxergamos labirintos.

Quanto a noite assalta o dia,

para casa corremos:

são muitos os lobos que atravessam os jardins.

Os anjos colhem flores em silêncio.

Nossos corações, em sobressalto,

vêem o medo além das cortinas

e temem o abandono e a solidão

dentro da própria casa.

O que fazer, meu Deus, o que fazer?

Onde buscar, meu Deus, onde buscar?

Uma pétala e um cheiro de almíscar

e um raio de sol e um bocado de sândalo

desprendem-se no ar e sobre a fronte se espelham.

A casa está mais segura.

O medo (onde?) perdeu-se

entre os móveis e paredes vazias.

Os anjos colhem esperanças.

Deus permanece. 

Camilo Mota 








              Lina Malheiros Barcellos 

 

Dia Nacional da Poesia (14 de março)

Nem todo poeta se inspirou neste dia
Inspiração não tem dia nem hora
Chega e invade o seu ser e o verso surge
Vagarosamente ou depressa
Vai se apresentando e se revelando
Como se fosse o verdadeiro amor
Que invade o seu ser e toma conta de tudo.
Após o primeiro contato com o papel
Começa a tornar-se forte, vigoroso
Sai das mãos que o escreve e marca o seu destino
Lá vai ele se desenvolvendo...
E o verso vira poema e o poema
passa a ter uma corrente chamada Poesia.

Lina Malheiros Barcellos




                             José Lúcio de  Souza 




O Manifesto da Arte Oficio

O expresso da arte ofício parte agora,

pegue o seu assento e seu assunto,

sente-se e sinta-se...
Expresse seu pensamento e acentue a letra
ou o traço...
Um braço do mar que ficou de amar, pra trás...
Correndo atrás da Paz...

Crie o contraste ou a semelhança,
um adulto que ainda é criança...

Está linha sai daqui
e leva para dentro de cada um que está são na estação.

Palavra que desenha a realidade da arte ofício,
esse é o ponto, que costurou os versos e alinhavou os planos:
Isso é ser humano.
Geometricamente correto.

A viajem das técnicas ou o sentimento profundo?
A harmonia do todo ou a fidelidade aos princípios?

A expressão expressa nesta jornada,
não leva a nada e nunca parou...
segue e persegue sempre – Coração.

Um pensamento que abre eras pro outro,
elos da corrente flutuante,
trilhos da trilha imaginária: a linha que costurou o trem.

Impressas nos papéis de arroz, as letras:
- Pegue o seu bilhete e tome um sorvete,
destaque a passagem e a sua imagem no filme que eu não fiz....

Embarque no expresso!
Um café no oriente do ocidente,
outro lugar não há senão aqui mesmo.

Senhoras e senhores, não façam rumores,
Apertem os cintos, sintam e consintam clarear humores e outras leituras.

Está partindo agora, da estação da hora para esse lugar
A expressa expressão expressa, sem nenhuma pressa...
É o trem da arte ofício.

José Lúcio de Souza

( texto escrito em Guaraparí ES. – 1983 )

— com José Lúcio de Souza.






                             Poetisa  J. Martha Dessimone





Dúvida


Quem diria que eu fosse assim amar,

Sofrer todo instante e todo dia,

Numa dor que não posso suportar,

 E quase a me matar? Oh! Quem diria?


Quem seria esta minha inspiração,

Que me atormenta e me dá alegria,

Que eu vejo, eque faz meu coração,

Palpitar de paixão? Oh! Quem diria?


Responder-me só podem já pesares.

Meus ais de clemência ecoam nos ares,

E um nimbo celeste eles hão de achar,


Para extinguir em meu peito esta mágoa.

Uma lágrima em meu olhar se deságua,

 Porque vivo na dúvida de amar.


 J. Martha Dessimone




           Poetisa Marlene Blois

 


MINHA VIAGEM

Vou te contar, minha amiga, 

Que  nessa minha viagem

Às vezes o trem corre tanto,

Nem faz poeira no chão.

Parece  engolir a paisagem

Não para em muita estação...

O que guardo em mim são  miragens,

 Sons, odores, tantas cores

 Gentes de muita alegria

 Outras de lágrima e dores

 Dos desencontros da vida

  Das agruras dia após dia

 Por causa de falsos amores.

 É gente que sobe e desce,

 Tão logo o dia amanhece.

 Há quem siga pela estrada

  Aqui  no mesmo vagão,

 Outros vão longe de mim,

  Penso que em breve passeio

  Ou  em pesada missão.

E eu  sigo a  viagem

 Por portos, estradas e gares,

Por montanhas, planícies e mares

 Sem destino, sem roteiro,

Até que o trem sem apitar,

 Pare c-a-n-s-a-d-o,

    C-a-n-s-a-d-o

Das muitas paisagens que vi

Da janela desse trem louco.

Sem apito, sem aviso

Parece que vivi tão pouco

Estanca um dia o trem...


Marlene Blois 


                                                      Charles O. Soares

 


 A Palavra

Na ânsia delirante de expressão
busco a palavra pura,
virgem, vazia, sem vícios de dicionário,
a palavra transparente, sem preconceitos,
que se deixe imprimir significado vário.
No entanto, ela reluta presa à garganta
numa incontinência vocabular precisa.
Mas quando sair
atrirar-se-á sobre o seu peito
como um grande seixo
... e se foda a vontade:
_ Entenda!
Charles O. Soares

 

 

  A nossa Homenagem não poderia ter fim, diante dos talentos em Saquarema ... 

Parabéns e sucesso a todos os poetas !

 

  Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
- Mario Quintana, in "Esconderijos do Tempo", Porto Alegre: L&PM Editores, 1980

Ilustração: (autoria não identificada)

 

 

 

Homenagem aos poetas do mundo através de alguns  mestres da poesia .

                 Florbela Espanca


 http://revistacult.uol.com.br/home/wp-content/uploads/2010/11/florbela_espanca.jpg


Teus olhos

Olhos do meu Amor! Infantes loiros
Que trazem os meus presos, endoidados!
Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:
Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Neles ficaram meus palácios moiros,
Meus carros de combate, destroçados,
Os meus diamantes, todos os meus oiros
Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!

Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas...
Enigmáticas campas medievais...
Jardins de Espanha... catedrais eternas...

Berço vindo do Céu à minha porta...
Ó meu leito de núpcias irreais!...
Meu sumptuoso túmulo de morta!...

                           Florbela Espanca
 
 

A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda
                


             Oscar Wilde 


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Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos.
Oscar Wilde
Balada do Cárcere de Reading
(...)
Eu soube, então, a idéia lacerante
que o atormenta, e o faz correr,
e o faz olhar, tristonho, o céu radiante,
radiante, e alheio ao seu sofrer:
de matou aquela que adorava,
- por causa disso vai morrer.

No entanto (ouvi) cada um mata o que adora:
o seu amor, o seu ideal.
Alguns com uma palavra de lisonja,
outros com um duro olhar brutal,
O covarde assassina dando um beijo,
o bravo, mata com um punhal.

Uns matam o Amor, velhos; outros, jovens;
(quando o amor finda, ou o amor começa);
matam-no alguns com a mão do Ouro, e alguns
com a mão da Carne — a mão possessa!
E os mais bondosos, esses apunhalam,
- que a morte, assim, vem mais depressa.

Há corações vendidos, e há comprados;
uns amam, pouco, outros demais;
há quem mate a chorar, vertendo lágrimas,
ou a sorrir, sem dor, sem ais.
Todo homem mata o Amor; porém, nem sempre,
nem sempre as sortes são iguais."
(...)
Oscar Wilde 




Paulo Leminscki

 paulo-leminski


Incenso fosse música
isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além
Paulo Leminski )


Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.
( Paulo Leminski )


um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
( Paulo Leminski )



 Alberto Caeiro
Alberto Caeiro e Fernando Pessoa

Sou um guardador de rebanhos
ALBERTO CAEIRO

Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.


Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.


Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.


Um comentário:

Penélope disse...

Uma homenagem belíssima ao dia NACIONAL DA POESIA...
Li de um fôlego só e amei...
Grandes poetas - uns que conheço e outros não, mas todos bem citados e colocados por aqui!
Grande abraço!!!!