Latuf Isaías Mucci
Nosso Mestre !
Parabéns a todos os poetas do Brasil !
Momento Homenagens aos poetas e poetisas de Saquarema
Latuf ancora seus poemas como barcos feitos de luz, no mar de Saquarema. Mar imenso e selvagem. Os ventos do cotidiano, som suas estrelas e sonhos e flores atravessam sua poesia: os poemas oscilam, belos e oblíquos e nunca se desnudam por inteiro. Há sempre algo que escapa a um primeiro olhar, como o mar que esconde suas cidades submersas e sereias.
Roseana Murray
VENDO O VENTO
As flores fazem
vênias ao Vento
Senhor dos ares.
As árvores acenam
braços ao vento:
Senhor das marés.
Os olhos cismam
reflexões ao vento:
Senhor dos sonhos.
Latuf Isaías Mucci
Escritora e Poetisa Roseana Murray
Da terra retiro
sua gama de cores:
ocre, vermelho, ferrugem,
terracota, outono,
o sol.
E pinto a alma em pinceladas
grossas, camada sobre camada,
para aguentar o peso do céu.
In Roseana Murray – Poemas para ler na escola,
Ed. Objetiva, 2011
Walmir Ayala
ARTE POÉTICA
Na adolescência eu queria escrever poemas eternos.
Poemas que não envelhecessem.
Aspirava os pensamentos abstratos, as idéias transcendentes,
jogava palavras como anzóis atrás de uma baleia azul.
Eu queria a estação permanente dos fatos,
aquela zona de mistério que transforma os acontecimentos
em reflexos cíclicos
de uma realidade essência.
Eu desprezava a transitoriedade, dava-me engulhos o trivial,
pousava meu dente na polpa indizível da transcendência.
Hoje eu pouso o coração da poesia na bandeja das coisas que passam,
eu sei que, como todas as civilizações,
a nossa tem um fim,
e já durou demais.
Eu sinto o cheiro de seu sangue congelado,
adivinho o pus acumulado sob sua pele túrgida.
Sei que seremos de repente uma sobrevivência arqueológica.
Porisso não ambiciono mais, para o meu poema, esta imaginária
duração,
esta idade virtual com pés de efêmero tato.
Não desejo para o gênero humano poemas capazes de sobreviver
à sua legítima história,
mergulho no cotidiano com um alívio e uma surpresa que me renovam
a vida.
Não quero mais fazer poemas que não sejam tributo do instante,
quero tocar o perecível e segurar entre os dedos sua respiração
oscilante. Faço poemas transitórios e fugazes.
Os poemas eternos eu deixo para a vida eterna.
Walmir Ayala
POSTAL
O mar, postal, é verde, ou não, cerúleo —
o mar é mar de crinas, potro e lastro
onde têxteis côres dão a aguda
forma de suas barracas: árvore e astro.
Arvore pela sombra, astro no muito
de universo que lado a lado formam...
O mar, postal, não vê que cada mastro
ao longe é êle que cumpre seu circuito.
Mas tanto muda que se desampara
e crava, e da janela vou tangendo
nêle meu coração de asas e espuma.
O mar, postal, é orgia que carrego
por outros mares de aço, de concreto
e de tôrres, sem lágrima nenhuma,
Extraídos do livro Estado de Choque; a poesia de Walmir Ayala. São Paulo: Galeria Parnaso; Massao Ohno Editores, 1980. s.p.;
Poeta José Bandeira
Autor do Hino de Saquarema
Hino de Saquarema
Hino do Município de Saquarema
Oito de maio
Conclamamos com grande alegria
Oito de maio
Mês Sagrado da Virgem Maria
Em oito de maio
Saquarema ergueu seu pendão
Porque nesta data
Recebeu sua emancipação
Que o bom Deus abençoe o seu futuro
Que seus filhos sempre honrem seu passado
E alegre zelamos seu presente
Saquarema o rincão abençoado
Em mil oitocentos e quarenta e um
Com honra, com glória, com paz e valor
Recebeu Saquarema sua categoria
Com grande alegria, com afeto e amor
José Bandeira
Antônio Mariano Alberto de Oliveira
Hino do Município de Saquarema
Oito de maio
Conclamamos com grande alegria
Oito de maio
Mês Sagrado da Virgem Maria
Em oito de maio
Saquarema ergueu seu pendão
Porque nesta data
Recebeu sua emancipação
Que o bom Deus abençoe o seu futuro
Que seus filhos sempre honrem seu passado
E alegre zelamos seu presente
Saquarema o rincão abençoado
Em mil oitocentos e quarenta e um
Com honra, com glória, com paz e valor
Recebeu Saquarema sua categoria
Com grande alegria, com afeto e amor
José Bandeira
Antônio Mariano Alberto de Oliveira
Antônio Mariano Alberto de Oliveira foi um dos Fundadores da tradicional ABL. (Academia Brasileira de Letras), na qual ocupou a cadeira 8, que tinha como patrono Cláudio Manoel da Costa. Nascido em Palmital de Saquarema - RJ, em 28 de abril de 1857, faleceu em Niterói-RJ, em 19 de janeiro de 1937. DENTRO DO SONHO Tanto de sonho lhe hão chamado a vida Que por sonho eu a tenho e me convenço Que tudo nela é sonho, breve ou extenso, Pouco importa, querida. Foi sonho aquela vez primeira que nos vimos. A última sonho foi; o primeiro abraço Em que os dois nos unimos; Sonho o dia em que tu entraste por meu braço Num templo, e logo após na casa que foi nossa; Sonho o ver-me então moço e o ver-te também moça... Vinte anos todos de felicidade! E de improviso tudo acaba, tudo... Mas esta dor sem fim, esta saudade, Aquele golpe rudo, Tredo e medonho, -Devo-me conformar - não passou tudo De um sonho que sonhei dentro do grande Sonho. Alberto de Oliveira TERCEIRO CANTO Cajás! Não é que lembra à Laura um dia (Que dia claro! esplende o mato e cheira!) Chamar-me para em sua companhia Saboreá-los sob a cajazeira! - Vamos sós? perguntei-lhe. E a feiticeira: - Então! tens medo de ir comigo? - E ria. Compõe as tranças, salta-me ligeira Ao braço, o braço no meu braço enfia. - Uma carreira! - Uma carreira! - Aposto! A um sinal breve dado de partida, Corremos. Zune o vento em nosso rosto. Mas eu me deixo atrás ficar, correndo, Pois mais vale que a aposta da corrida Ver-lhe as saias a voar, como vou vendo. Alberto de Oliveira Momentos poetas em Saquarema Antônio Francisco Alves Neto Victorino AguiarSe Eu Fosse Deus...Ah, se um dia eu fosse Deus... por um mês, um ano, um dia, por um segundo que fosse. Num só segundo faria surgir do nada o reinado do amor e da alegria. Pra libertar nossos anjos da morte e da escravidão, da maldade dos marmanjos, do horror da pedofilia, dos homens sem coração, cortava o pau do tarado, mais a língua, o olho e a mão. Libertava as nossas putas das garras do cafetão; casava a Lei com a Justiça, não mandava pra prisão quem entrasse para o crime só por falta de opção, quem só roubasse comida, roupa, água, vinho e pão. Fazia que os falsos templos despencassem sobre o chão; transformava a castidade no pior dos meus pecados, rasgava os livros sagrados, Bíblia, Torá, Corão. Destes três e dos demais fazia uma só versão e insculpia a ferro e fogo per omnia saecula saeculorum na alma de cada irmão. Condenava os sacerdotes ao duro embate da vida, a enfrentar todo dia horário, chefe, patrão; a suportar como a gente toda sorte de parente, amante, mulher e filho, cunhado, sogra e irmão. Fazia em pó o senado, templo da corrupção; libertava o nosso povo do medo dos magistrados, dos grilhões dos deputados, do sabor da servidão. Empobrecia corruptos, parasitas da Saúde, carrascos da Educação, transformava a vida deles num eterno deus-nos-acuda: inventava o cidadão. Sabendo que muita gente no meu nome tentaria sufocar a Liberdade, crucificar a Verdade, dominar o mundo inteiro, garantiria que o Bem não perdesse pra maldade nem pro poder do dinheiro: criava um céu de verdade e um inferno verdadeiro. Era isto que eu faria, se um dia eu fosse Deus por um mês, um ano, um dia, por um segundo que fosse. Juro por Deus que faria. (Victorino Aguiar) Camilo Mota ORAÇÃODeus é óbvio,mas só enxergamos labirintos.Quanto a noite assalta o dia,para casa corremos:são muitos os lobos que atravessam os jardins.Os anjos colhem flores em silêncio.Nossos corações, em sobressalto,vêem o medo além das cortinase temem o abandono e a solidãodentro da própria casa.O que fazer, meu Deus, o que fazer?Onde buscar, meu Deus, onde buscar?Uma pétala e um cheiro de almíscare um raio de sol e um bocado de sândalodesprendem-se no ar e sobre a fronte se espelham.A casa está mais segura.O medo (onde?) perdeu-seentre os móveis e paredes vazias.Os anjos colhem esperanças.Deus permanece.Camilo MotaLina Malheiros Barcellos
Dia Nacional da Poesia (14 de março)
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Um comentário:
Uma homenagem belíssima ao dia NACIONAL DA POESIA...
Li de um fôlego só e amei...
Grandes poetas - uns que conheço e outros não, mas todos bem citados e colocados por aqui!
Grande abraço!!!!
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