Augusto Higa
Hoje é o Dia das Mães. Minha mãe amava as coisas simples e a beleza. Era boa com todos os que estavam por perto. Era humana.Era vaidosa. Amava a vida. Quando foi embora me deixou seu legado, sua memória feita de um tempo que não conheci.
GENEALOGIA
morro ao contrário e viro minha mãe
ela vinha da Polônia
sem adivinhar que me carregava
em seu destino
que me carregava em suas unhas
em sua voz
eu a vejo no convés do navio
era criança e não sabia os terríveis
peixes que o oceano esconde
ainda trazia nos cabelos o cheiro do feno
as vozes da aldeia
eu era ela seus olhos espreitando o céu imenso
e já fazia parte do seu silêncio
morro mais um pouco e viro minha avó
limoando a casa para o sabat
ela era jovem tinha longas tranças
e um coração assustado feito vento
na próxima semana ela casaria
e nem tinha visto o noivo ainda
se Deus ajudasse ele seria calmo
e protegeria sua vida
como com as mãos ela protege
a chama das velas
eu estou dentro dela embutida em seus desvelos
eu a vejo com os olhos de quem só vai nascer
milhares de horas depois
atravessando os escombros que separam
os avós dos seus netos
morro mais um pouco ainda
e não consigo vê-la
a mãe da minha avó
nem sei seu nome
ela é uma sombra tão longe
e quando fala não consigo escutar
embora me esforce tanto que me doem os ossos
eu já estava escrita na trilha
dos seus olhos tristes?
ela vinha da Polônia
sem adivinhar que me carregava
em seu destino
que me carregava em suas unhas
em sua voz
eu a vejo no convés do navio
era criança e não sabia os terríveis
peixes que o oceano esconde
ainda trazia nos cabelos o cheiro do feno
as vozes da aldeia
eu era ela seus olhos espreitando o céu imenso
e já fazia parte do seu silêncio
morro mais um pouco e viro minha avó
limoando a casa para o sabat
ela era jovem tinha longas tranças
e um coração assustado feito vento
na próxima semana ela casaria
e nem tinha visto o noivo ainda
se Deus ajudasse ele seria calmo
e protegeria sua vida
como com as mãos ela protege
a chama das velas
eu estou dentro dela embutida em seus desvelos
eu a vejo com os olhos de quem só vai nascer
milhares de horas depois
atravessando os escombros que separam
os avós dos seus netos
morro mais um pouco ainda
e não consigo vê-la
a mãe da minha avó
nem sei seu nome
ela é uma sombra tão longe
e quando fala não consigo escutar
embora me esforce tanto que me doem os ossos
eu já estava escrita na trilha
dos seus olhos tristes?
4 comentários:
muito bom e d vocabulário bem vasto
tambem escrevo poemas se quiser me fazer uma visita vou te esperar
http://r3alt.blogspot.com
Olá, muito lindo seu blog. Estava dando uma olhadinha :D ja estou te seguindo tb. Se quiser me seguir assim posso visitar sempre aki okay.. Bjs e uma boa noite
muito bom! foi vc quem escreveu?
to seguindo! visita qnd der
http://ocioelucidativo.blogspot.com/
Sejam Bem-vindos amigos!
Este poema lindo é da nossa colaboradora a escritora e poetisa, Roseana Murray.
Abraço, Telma
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