Celebrado nacionalmente, o 13 de maio é uma data controversa do calendário de lutas do movimento negro brasileiro. O dia marca a assinatura da Lei Áurea, que determinou a libertação de todos os escravizados no País. Mas é comemorado com reservas, por não contemplar o protagonismo dos negros e das negras durante o processo que culminou na abolição formal da escravatura. Eventos por todo o País estimulam a discussão sobre o que a abolição representou na vida dos afro-brasileiros e os motivos para celebrá-la.
A Lei Áurea é, incontestavelmente, um marco histórico, pois impulsionou a libertação dos cerca de 800 mil negros mantidos no cativeiro no Brasil em 1888. Mas é indiscutível também que a abolição formal não resolveu questões essenciais para promover a real inclusão dos ex-cativos na sociedade brasileira – ponto das reflexões propostas pelo movimento negro.
A resistência dos escravizados, o grande número de fugas e a construção de centenas de quilombos indicavam que o sistema escravista estava prestes a ruir muito antes de 1888. Revoltas como a dos Malês, do Queimado e dos Alfaiates demonstravam o descontentamento das diversas camadas da sociedade, sobretudo, das populares, com o regime.
A resistência dos escravizados, o grande número de fugas e a construção de centenas de quilombos indicavam que o sistema escravista estava prestes a ruir muito antes de 1888. Revoltas como a dos Malês, do Queimado e dos Alfaiates demonstravam o descontentamento das diversas camadas da sociedade, sobretudo, das populares, com o regime.
Uma das mais contundentes manifestações de resistência dos negros escravizados foi a criação do Quilombo dos Palmares – o maior da América Latina. Fundado pela princesa congolesa Aqualtune, mãe do lendário Ganga-Zumba, foi instalado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, no estado de Alagoas. Criado no final de 1590, o Quilombo tornou-se um Estado autônomo, resistindo por quase cem anos aos ataques holandeses, luso-brasileiros e de bandeirantes paulistas e agregando negros e indígenas que fugiam do trabalho escravo. Em 1695, Palmares foi totalmente destruído, um ano após a morte de Zumbi dos Palmares, seu líder, no dia 20 de novembro.
20 de novembro, a data é comemorada em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra, por afirmar o papel ativo dos negros e negras durante o longo e sangrento processo que resultou na emancipação desse segmento social. A data é um contraponto ao 13 de maio, no qual a simbologia dominante é a de uma princesa branca concedendo a negros escravizados, submissos e passivos o bônus da liberdade.
O que se questiona é que a Lei Áurea não foi seguida por medidas efetivas para promover a integração social dos ex-cativos, abandonados à própria sorte. Após mais de 300 anos de sistema escravista, os quase 800 mil libertos não tinham para onde ir, o que comer, ou onde trabalhar, restando-lhes outra longa e sofrida jornada de combate à discriminação, à repressão e à miséria.
A Lei Áurea, assinada em 1888 pela princesa Isabel, foi a primeira legislação produzida em benefício da população negra, mas demonstrou-se insuficiente na promoção dos direitos dos afrodescendentes. Somente 123 anos depois, outro marco legal foi instituído, na perspectiva de saldar a dívida histórica deixada pela escravidão e sua incipiente abolição. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288, de 20 de julho de 2010) e a mobilização do movimento negro pelas cotas raciais em universidades e concursos públicos têm contribuído significativamente para a diminuição das desigualdades ainda provenientes do período escravocrata, e têm gerado benefícios reais para a população afro-brasileira.
Por todos esses motivos, o dia 13 de maio é uma data de reflexão, na qual devem ser discutidos os avanços e retrocessos da luta pela inclusão dos negros e negras nos espaços de cidadania desde a abolição formal do sistema escravista. Confira abaixo alguns dos marcos legais estruturados para combater o racismo e garantir os direitos dos povos descendentes de africanos escravizados no País.
Por Joceline Gomes e Suzana Varjão
Colaborou Daiane Souza
*Retirado do Site da Fundação Palmares
Colaborou Daiane Souza
*Retirado do Site da Fundação Palmares
13 de maio
Em 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea no dia 13 de maio, abolindo a escravidão negra no Brasil. Um marco histórico. Entretanto, não foi o fim do sofrimento dos afro-descendentes e sim o início de outra fase triste da história, pois os negros “libertos” saíram sem direito algum, ou seja, sem direito a terra, emprego digno, moradia, e assim, foram viver em péssimas condições, surgindo nessa época os grandes cortiços que depois de fechados deram origem ao que conhecemos hoje como favela.
13 de maio também é um dia de Luta contra o Racismo, porém quando falamos dessa data reportamos mais ao povo negro devido a todo o contexto histórico da escravidão no Brasil, onde ocorreu o tráfico de negros, os açoites, as fugas e revoltas. Essa fase para os negros não foi fácil. É triste pensar em todas as mazelas passadas desde a vinda nos porões dos navios negreiros, onde homens, mulheres e crianças morriam de fome, sede, açoite, maus tratos e doenças. O sofrimento aumentava quando chegando aos portos brasileiros no Rio de Janeiro, São Luis, Salvador e Recife, ficavam de quarentena, depois eram escolhidos e separados de seus filhos e familiares, quando esses ainda resistiam a travessia do Atlântico.
Mas a questão do racismo também atinge outros grupos étnicos, como os índios, estes eram mais de mil povos, sendo cinco milhões de indígenas. Hoje em dia, são 227 povos, e sua população está em torno de 400 mil. Um extermínio. A população de descendência européia, asiática também sofre com preconceito racial, não é tão acirrada, mas ocorre.
Ser discriminado devido ao seu grupo étnico de origem é muito doloroso. Somos todos iguais. Foi devido a essa pluralidade seguido da miscigenação que surgiu o povo brasileiro, um povo bonito e culturalmente diversificado. O respeito ao outro é fundamental, assim estaremos evitando outras formas de discriminação.
Neygila Santos – Cientista Social
Orientadora Social do CRAS
Orientadora Social do CRAS
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